Sim, afinal, mais um ano se passa. Mais um ano termina e dá lugar ao novo. E é nessa hora que sempre bate aquela necessidade de fazer um flashback do ano. A tão temida hora de relembrar, pensar, e então perceber se o que se queria para o ano foi realizado. Ou se algo foi feito. E, se o foi, se foi algo positivo ou negativo.
Perguntar se algo foi feito é uma pergunta óbvia. Alguma coisa sempre é feita. Mas ficar cara a cara com seu passado recente e julgá-lo é outra história. Mas ok, vamos deixar de lenga-lenga e começar esse post de uma vez. Um breve aviso: esse post será composto de sub-posts, por assim dizer, ok?
Sim, retrospectiva 2009.
O ano de 2009 começou com um ótimo slogan: "Em 200inove!" E eu, claro, assumi esse slogan pra mim também. Aquelas resoluções básicas de ano novo foram repetidas: me dedicar mais aos estudos, ser mais culta, ler mais livros, viver mais a medicina, me envolver com atividade voluntária, me cuidar mais, perder aqueles quilinhos, ser mais cristã. Sempre né? Tá, e agora? Disso tudo aí, o que se fez? A resposta, tão desanimadora quanto verdadeira, é: nada.
Adoro a medicina, e por mais que o quê eu mais deseje pra minha vida seja viver de medicina, e pra medicina, e pela medicina, eu não consigo. Infelizmente, minha vida não é so medicina. Digo "infelizmente" porque eu gostaria muito de ser focada totalmente nos meus estudos. Eu sei que o exagero sempre é prejudicial, e a palavra-chave é: moderação. Mas eu gostaria muito de viver da medicina. Ela é linda, é sagrada, é um verdadeiro sacerdócio, e eu até hoje não consegui abrir mão de tudo o que me é fútil em nome da medicina. Sim, sou fraca. Sim, sou dependente. Tenho um amigo que sempre diz "tu és engraçada .. só reclamas, mas não faz nada, né?". É. Mas eu ainda espero sinceramente mudar essa realidade. Talvez esse ano. Quem sabe?
Ler é outra coisa que eu adoro. Realmente não sei escolher, e muito raramente os compro. Se os leio, devo isso aos amigos que sempre me indicam e me emprestam. Às vezes meio penosos, mas emprestam mesmo assim. O problema pra eu não ler é que .. É, eu não tenho justificativa pra não ler. Alias, até tenho uma que eu conto a mim mesma, mas eu vivo me dizendo que é completamente furada. Quer ouvir? Eu digo "não posso ler isso agora, porque tenho outras coisas a fazer". Mas ao invés de ir fazer o que seria preciso fazer, lá estou eu jogada na frente do computador. E é incrível o tempo que eu passo em frente a ele. E me sinto muito pouco culpada, na hora, por isso. Ou seja: internet no lugar da leitura.
Sempre quis ser voluntária em alguma coisa. Sério, acho muito bonito. Eu sempre digo a quem quiser ouvir: eu não escolhi a medicina pela biologia em si; muito pelo contrário, escolhi a medicina porque ela se trata, na verdade, do cuidar do próximo; essa sim é a alma da medicina. Na verdade, eu acho que, na verdade, quem me escolheu foi ela. E aqui estou eu falando dela de novo. Ê amor. Mas a citei pra explicar minha vontade no voluntariado. Outra coisa: eu sempre quis mudar o mundo. Pior: eu sempre acreditei que poderia mudar o mundo (o "pior" eu explico depois). E, claro, o voluntariado com certeza é uma forma de somar pra melhorar o mundo em que vivemos. Explicado?
Mas pra cuidar do outro é preciso, antes, cuidar de mim, certo? Certo? Bom, se é certo, eu também não sei. Sei que eu acreditava nisso sim. E de certa forma acho que é um pensamento correto. A mudança deve sempre começar em nós, como dizia (mais ou menos) Gandhi. Se você não está bem consigo mesmo, dificilmente ficará bem com o mundo, ou pelo menos de maneira, e em tempo integral, de bem com ele. Infelizmente, ainda não consegui atingir o mínimo de satisfação com a minha pessoa. E não só fisicamente, mas mental e espiritualmente também.
Há algum tempo atrás eu coloquei na cabeça que eu ia me tornar uma cristã melhor. Para isso, comecei a ler a bíblia, e a tentar entender o por quê de tantas "religiões e subcategorias de religiões". Foi mais ou menos por aí que eu acabei me dando mal, vamos dizer assim, e o plano de melhor cristã foi arquivado, e até hoje não foi mais reativado. Digamos que gato escaldado tem medo de água fria, e por isso meio que já não toma banho, ou quando toma, não se sente bem, sendo geralmente carregado pra bacia.
O ano de 2009 foi um ano bem diferente pra mim. Acho que foi um ano que serviu de marco na minha vida. Não por algum acontecimento marcante, como seria de se esperar, mas sim porque foi quando eu percebi que já não sou a mesma pessoa de antes. Entendam esse "antes" como "antes de entrar na faculdade". Sério. E a mudança, do meu ponto de vista, foi pra pior. Mas isso vai ficar pra um outos post, porque não se refere apenas ao ano de 2009, mas sim aos últimos 3 anos da minha vida. Isso quando me der coragem de escrever um novo post. Essa é outra mudança: eu quase fui obrigada a escrever esse post por mim mesma, porque eu sei que colocar as coisas num papel ajuda a organizar as idéias, e as minhas são por demais bagunçadas. A única certeza que eu tive esses tempos é que eu acho que sou como o Zaphod Beeblebrox, da série de livros "O Guia do Mochileiro das Galáxias": com 2 eu's. Mas isso só a psiquiatria vai poder me explicar melhor. Sem mais, seguimos.
Ah, a beleza do novo!
Não há nada mais agradável do que pensar no novo. A blusa nova pra passar a virada do ano, o sapato novo pra combinar. O caderno novo para começarem as aulas. O jaleco novo pra ir para a faculdade. O cabelo novo, as unhas novas, o carro novo, o livro novo. Só de pensar, já consigo sentir o cheiro do novo. O novo nos renova. Nada de surpreendente nessa constatação, né? Mas isso é um fato. O novo nos renova sim! O novo renova nossas esperanças, nossas forças, nossa alma. Nos leva a crer que, por mais difícil que tenha sido algo, por mais errado que tenha dado algo, por mais impossível que pareça, sempre podemos tentar novamente, sempre podemos optar por não desistir, mas sim tomar um ar. Ninguém é de ferro né? E às vezes fazemos do novo o nosso pretexto para recomeçar. Por isso algumas vezes temos tanta necessidade em terminar o ano. "Acaba 2009". Como eu vi e ouvi isso nesses últimos 2 meses. É a necessidade de pensar que o ruim, que ocorreu no velho ano, será substituído pelo papel em branco, pela nova chance, do novo ano. Vamos combinar: esse cheirinho de esperança renovada é o melhor cheiro que há, hein?
Só posso terminar esse post dizendo que é assim que eu vou começar esse novo ano: com resoluções passadas, mas que ainda são muito importantes pra mim, e com esperanças renovadas de que tudo posso.
Post scriptum:
Ah, só tenho uma coisinha mais a dizer. É um lembrete pra mim mesma, mas como sou legal vou compartilhar com vocês, e aconselho-os a lembrarem-se disso também. O ano novo é apenas simbólico. Se estamos de forças esgotadas, esperança no nível da reserva já, e sendo praticamente vencidos no cansaço, por que não parar e dar aquela respirada? Inspire profundamente e lentamente, de olhos fechados. Sinta seus pulmões se expandindo em seu peito. Pense que é assim que devemos ser: quando murchos, devemos parar e então nos expandir, como se nada pudesse nos deter, porque, de certa forma, nada pode nos deter mesmo. Nosso principal obstáculo somos nós mesmos. Repita esse movimento quantas vezes forem necessárias. Lembre sempre que cada um tem seu ritmo, o que não significa dizer que um é melhor do que o outro. E depois desse exercício de respiração, duvido que alguém ainda esteja sem fôlego. E vamos lembrar que isso não deve ser feito apenas na mudança do dia 31 de dezembro para o dia 1 de janeiro. Todo dia é dia de um novo tempo. Então lembre-se de se renovar a cada dia. Como sempre, só depende de nós.
Feliz 2010!
Lembre-se: só depende de você fazer do seu 2010 um feliz 2010.
Sukα =*